Acima de tudo, o direito das crianças


Traçando um paralelo entre os textos: Dilemas éticos da vida humana, de Débora Diniz, Direitos dos mais e menos humanos, de Cláudia Fonseca e Homoparentalidade: novas luzes sobre o parentesco, também de Cláudia Fonseca, é possível se dirigir ao universo que permeia os direitos das crianças no Brasil e perceber como esses direitos esbarram em entraves que os impedem de serem exercidos mesmo quando existem leis específicas que os respaldam.

O Estatuto da criança e do adolescente prevê que quaisquer atitudes a serem tomadas em relação ao menor deve levar em consideração aquilo que é melhor para o mesmo, mas a afirmativa perde sua força ao duelar com doutrinas religiosas e interesses conservadores da sociedade.

Partindo em direção aos direitos humanos, Cláudia Fonseca mostra através de suas pesquisas que a aplicação da leis vigentes desde a implementação da constituição de 1988, não é tão simples como deveria.
Começa numa política que é treinada para punir e não para  analisar o histórico de vida de quem receberá a punição, aliás, é muito difícil que a sociedade como um todo faça essa análise devidas às fortes pressões cristãs, políticas e culturais e isso não é algo que possa ser modificado a curto prazo.

É direito das crianças e adolescentes, de acordo com o ECA, que elas sejam criadas dentro de uma instituição familiar que possa lhes proporcionar uma vida em que o básico seja assegurado 100% do tempo porém, o que seria instituição familiar nos dias de hoje?
Temos já estabelecidos e reconhecidos novos moldes de família que ao baterem de frente com dogmas há muito enraizados, se curvam ante ao que seria de fato melhor, em prol daquilo que se reconhece como certo.

Tomando como base o fato de que antropologicamente as ações têm sempre uma explicação cultural embutida em seu acontecer, Cláudia analisa a situação de famílias que preferem ver seus filhos internados em instituições como as URTs a tê-las nas ruas. É como se houvesse uma lógica para o menos pior. Assim, seria também menos pior ver que o tempo está passando e meninos, negros, em segunda ou terceira fase de infância estão perdendo a chance de serem membros de uma família, devido ás complicações de se reconhecer a homoparentalidade como instituição familiar no sentido amplo da palavra.

Ainda falando do chamado mau-menor, nos deparamos com as questões éticas que permeiam o tratamento de crianças com paralisia cerebral grave. Como falar de tratamento para algo que não poderá ser tratado? E é esta a análise feita por Débora Diniz no texto estudado.

Concluindo, talvez não seja a questão infanto-juvenil que realmente importe mas sim a manutenção do idealismo social de uma sociedade perfeita e casta.


FRAGMENTOS DOS TEXTOS:

Homoparentalidade:

Aborda pontos como:

·         Dinheiro para se realizar o sonho
·         Características consanguíneas adquiridas através de doação biológica daquele que não gerou

Enumera reflexões de uma etnografia sobre casais gays e lésbicos quando, a partir dos anos 80, muitas das pessoas gays se assumem e são repudiadas pelos parentes – repudiando, assim, a consanguinidade e a solidariedade e aceitação que se constrói entre as famílias. Em meio a não aceitação familiar, os laços de amizade são preferíveis e mais duradouros.

Cláudia disserta sobre os fatores que fazem os europeus e norte-americanos adotarem crianças estrangeiras: a situação de gays e solteiros que gostariam de adotar crianças de seus países era difícil. Para essas pessoas, sobrariam as crianças consideradas “difíceis”: negras e latinas.

A chamada adoção aberta, quando a mãe biológica decide por qual tipo de família a criança deverá ser adotada, torna-se mais um empecilho para os casais gays. Afinal, são julgados para além dos preconceitos de juízes e do serviço social, mas da mãe biológica.

Dilemas éticos:

O custo individual e social que esta patologia (paralisia cerebral) provoca é imenso, portanto, o grau de expectativa que a família deposita no tratamento médico ministrado pelo hospital é consideravelmente alto, sendo infinitamente superior ao que a medicina, de fato, é capaz de fazer. É como se fosse um templo aonde as pessoas vêm em busca de milagres que a ciência insiste em afirma-lhes serem impossíveis de acontecer. O grande objetivo do grupo é proporcionar um apoio intensivo à família para que esta possa seguir sozinha o acompanhando de crianças portadores desta deficiência, uma vez que a medicina oferece poucas possibilidades de mudanças do quadro.
A paralisia cerebral grave põe uma questão ético-filosófica de peso à medicina: O que os médicos estão tratando em um paciente portador da paralisia cerebral grave? A fronteira entre o normal e o patológico é difícil de ser estabelecida quando se consideram várias pessoas ao mesmo tempo, mas fácil de ser determinada numa mesma pessoa, ou seja, a pessoa é doente não em relação às outras, mas, principalmente, a si mesma. Saúde é poder cair doente e se salvar, ou como considera Canguilhem um “luxo biológico”, deste modo é possível considerar as crianças portadores de paralisia cerebral de saudáveis, uma vez ser este o quadro original em que vivem.

Direitos humanos:

Temos um panorama inicial com três importantes personagens: Os militantes de movimentos sociais, parlamentares e os próprios membros da sociedade civil, que após anos de muitos debates chegam num acordo quanto as clausulas que vem a compor a nova constituição brasileira do ano de 1988. Aos nossos limites de exploração está o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990).
Temos também como espaço amplo para entendermos como se vem dando tais diagnósticos caóticos e suas ações na nossa história. O foco dado aos programas para menores infratores, pela FEBEM –RS, campo de estudo da autora.  Uma história de equívocos quanto a “categorização” de tais indivíduos (exemplos: pobres, menor infratores, órfãos)e quais seriam a ações corretas conforme suas especificidades de seus problemas. Uma constituição que garante determinados direitos a criança (a educação, família, alimento e lazer) que não é coerente com sua realidade, com ao atendimento que o governo oferta. O que nos faz concluir que a promoção de direitos humanos exige muito além de uma legislação ideal.


Equipe: 
Enzo Lins
Bianca Ferraz
Niara Aureliano
Robson Muller
Marcio Anastacio

Link do Zine: http://www.4shared.com/office/PVLuT0MJ/NIARA.html

This entry was posted on sábado, 27 de outubro de 2012. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0. You can leave a response.

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